12 de agosto de 2009

Olhar crítico #3 - Nós queremos lutas, e eles querem...


Olá, sejam todos muito bem vindos a terceira edição do Olhar Crítico, desta vez comentando sobre uma notícia que li há tempos atrás, mas só agora tive a oportunidade de comentá-la! Se quiser saber qual a notícia é, leia a continuação.



Não é de hoje que muitas pessoas vem se queixando da qualidade dos combates da WWE, uns dizem que querem o Extreme, outros pedem por uma nova Attitude Era, enfim, todos querem assistir a grandes lutas de wrestling. Porém poucos realmente se prestam a conhecer outras federações que nos brindam com wrestling de primeira, eu poderia aqui citar milhões de federações, ROH, NOAH, Dragon Gate, entre outras... Mas de nada adiantará, pois não mudará a concepção de ninguém... Porém teve um fato que me irritou proundamente e gostaria de compartilhar com vocês... Pode ser meio clichê reclamar que a WWE limita seus wrestlers, mas este fato foi bizarro... Foi quando eu li no wrestlezone a seguinte notícia:

Está sendo relatado que, após a luta entre Christian e Zack Ryder no dia 28 de Julho na ediçaõ da ECW, inúmeros funcionários da WWE não estavam satisfeitos com a velocidade que Ryder explodiu na luta. Os defensores de Ryder na companhia alegaram que o erro dele foi ter se desempenhado demais no combate, tendo em conta que ele raramente é agendado para combates em house shows. E por outro lado, os funcionários da WWE elogiaram Christian por conseguir tirar uma boa luta de Zack Ryder.



Assista a luta:



Sinceramente, após ler esta notícia eu realmente estou sem palavras... Durante o combate realmente pode-se perceber que ele se cansa um pouco, mas isto não estragou a beleza da luta, que aliás, foi muito boa como a tempos eu não via, principalmente na ECW. Este caso se parece quando você quer fazer algo bom para alguém, mas este alguém menospreza e diz que não gostou. Eu fico me imaginando no lugar de Ryder, que se empenhou para fazer um grande combate para os fãs, e ter que ouvir da WWE: "- Você sabe lutar, mas não pode!"

Depois de ler esta notícia começo a ver WWE com outros olhos, não posso mais levar as lutas como lutas, pois já se foi o tempo em que ela estava interessada verdadeiramente em lutadores, hoje em dia na própria ECW temos um tal de Abraham Washington que invés de lutar fica falando pelos cotovelos, sendo mais chato que a Sonia Abrão. E o lado mais irônico desta história é que eles reclamaram do Ryder ter se empenhado no combate, mas mesmo assim deram os créditos a Christian.

O mais intrigante de tudo, é que há uma semana atrás o nosso querido Paul Heyman, em mais um de seus brilhantes artigos citou sobre a necessidade de se apostar em novos talentos, se quiser, pode lê-lo traduzido clicando aqui. E de fato eu concordo com Heyman, numa época em que as velhas estrelas já estão se mostrando mais velhas a cada dia que se passa, suas imagens estão ficando cada vez mais desgastada, e o título permanecer sempre entre o mesmo grupo de sempre, e o pior de tudo é que até mesmo a qualidade técnica em ringue deste seleto grupo já não é mais a mesma de tempos atrás.

Para ler o artigo de Paul Heyman, clique aqui

Quando falamos em iniciativas para novos talentos, tanto a World Wrestling Entertainment como a TNA Wrestling têm a cabeça noutro lugar.

Impressiona-me o fato de, numa industria esfomeada por jovens talentos, ainda não exista um sistema que capitalize nos novos estilos e jovens que aí andam, desconhecidos a nível nacional (e no caso da WWE, global).

Um “lap dancer” com talento tem uma maior possibilidade de ser descoberta e recrutada para o mundo do wrestling profissional do que um atleta condecorada que está tentando decidir entre WWE/TNA ou UFC/MMA.

Apesar de dar os parabéns ao Vince McMahon e aplaudir a decisão da companhia em lançar as carreiras do novas superstars no programa de terça à noite, a WWE ainda enfrenta a assustadora tarefa de descobrir onde encontrar a próxima geração de atletas para serem trazidos para o roster principal.

O processo de recrutamento, tanto na WWE na TNA não está só falhando. Ele nem sequer existe. Na WWE, eles esperam que tu procures a oportunidade de entrar no líder do mercado do Sports Entertainment.

Por outras palavras, se tu não os procurares, eles não te encontram.

Há alguns anos atrás, o Jim Ross mandava mensagem atrás de mensagem ao Vince e à Stephanie (e até ao produtor executive Kevin Dunn) quase suplicando para que a empresa dedicasse mais tempo, esforço e recursos a um processo de recrutamento ativo, tal como na NFL, na NBA e na Major League Baseball.

"Se nós não resolvermos este problema agora,” disse o JR ao McMahon, “vamos pagar um preço muito caro nos próximos 5 anos por ignorarmos a situação.”

Já agora, isso foi há… oh … 5 anos atrás.

Isto não é uma acusação ao John Laurainaitis, sucessor do JR no departamento das relações com os talentos. As mãos dele estão atadas. O seu departamento está sob a direção de Stephanie McMahon-LeVesque, e apesar de o Vince entender o conceito de “novo, único, diferente”, ele falha sempre quando se trata de encontrar e desenvolver novos estilos e superstars que vão definir as novas maneiras de apresentar o produto.

Em relação à TNA, o que é que eu posso escrever que não tinha sido já dito vezes sem contar?

A TNA passa mais tempo promovendo o fato do seu ringue ter 6 lados e publicando as estreias de antigos comentaristas da WWE do que a investir na descoberta de novos superstars que consigam chamar a atenção do público. Samoa Joe, a estrela criada pela (um paradoxo, se é que alguma vez existiu uma) torna-se heel só para ficar em “segundo lugar” em relação ao antigo main eventer da WWE, o Kurt Angle.

Além disso, o Joe não faz nada para que o público o deteste. Nada que faça os fãs vê-lo com desdém. Nada que faça os fãs da TNA pagarem só para o verem perder ou levar uma surra.

Pelo amor de Deus, ninguém no pro wrestling aprendeu alguma coisa com o Brock Lesnar no UFC 100?

Para tornar as coisas ainda piores, a TNA tinha o Taz(z?) pronto para estrear, e agora não há nenhuma razão para antecipar as contribuições do antigo campeão da ECW e ex-comentarista do Smackdown podia dar à TNA, porque ele era o homem misterioso não-misterioso, que vinha para aconselhar alguém que desiludiu todos os seus fãs para ser o novo fantoche do Kurt Angle na televisão.

Talvez o Joe vá com o Jeff Jarrett e as pessoas fiquem mais interessadas nisso do que em alguma coisa que aconteça nos shows semanis ou PPV’s da TNA.

Conseguem imaginar o retorno que a TNA teria se a companhia gastasse esse tipo de energia e imaginação (ou falta dela) em novos talentos que nunca foram expostos a nível nacional? De onde virá o próximo “top guy”? Qual será o próximo estilo a ser implementando? Quantas vezes é que isto tem de ser dito até que a WWE e a TNA acordem e percebam que combates que nunca aconteceram estão desaparecendo porque cada vez menos e menos talentos têm a oportunidade de subir ao main event?

Aqui está um exemplo perfeito da arrogância mostrada pela WWE e pela TNA.

A Dragon Gate USA estreou na Philadelphia, no bingo hall mais famoso do mundo. Escrevi sobre isto no The UK Sun no dia 15 de Abril. A promoção Dragon Gate, que têm um misto de wrestling de estilo japonês, high flying, lucha libre e até um pouco de psicologia de ringue “à la” WWE oferece um produto cheio de energia direcionado aos jovens e tem um nível de quase 100% de satisfação. Os seus shows, para ser simples, são simplesmente explosivos, e os fãs adoram-nos.

Ainda assim, quando falei com o meu velho assistente, o Gabe Sapolsky, agora o Vice-presidente da Dragon Gate USA, ele disse-me que não tinha recebido uma única chamada nem da WWE nem da TNA em relação à procura de novos talentos.

Os produtores da Broadway assistem a peças fora da Broadway. Os coordenadores dos talk shows revistam os clubes de comédia à procura de alguém especial. Os do futebol, basebol e basquetebol procuram uma maneira de falar com jogadores nas escolas secundárias. Mas no wrestling profissional, ninguém se pode dar ao trabalho de ir verificar uma jovem promoção, com uma grande relação com os seus clientes e um plantel cheio de estrelas que sabem interagir com o público. Isto faz algum sentido para vocês?

O Dragon Kid, cujo trabalho define o estilo da promoção tal como o Rey Mysterio definia a lucha libre moderna quando entrou na ECW junto com o Psicosis, está num dos main events contra o Masato Yoshino. Este é o combate que vai ser mais falado depois do show.

O Shingo, um antigo halterofilista que se tornou a estrela de topo da Dragon Gate quando o CIMA se lesionou em 2008, vai lutar contra o Naruko Doi, que está sendoposicionado também como uma estrela de topo. O CIMA vai fazer tag team com o Susumu Yokosuka para enfrentar os Young Bucks, que têm criado uma reputação nas independentes da California e da zona Nordeste.

Depois há o Kenn Doane, o antigo "Kenny Dykstra" e o líder "Spirit Squad." Este veterano de 1.87m e 100kg está quase no seu 23º ou 24º aniversário. Mas que promessa falhada. Ele não tem futuro, certo? Quero dizer, ele ainda mantêm a cabeça erguida, e ainda está mostrando a mesma promessa que fez toda a gente compará-lo ao Randy Orton quando ele entrou no roster principal? Para quê verificar o seu comportamento no backstage e a sua interacção com o publico? Ele só tem 15 ou 20 anos no topo para oferecer à WWE e à TNA. Nenhuma das empresas precisa de alguém assim, certo?

Para quê dar-se ao trabalho de procurar talentos fora das televisões, quando sabem que ele (ou ela) está se saindo melhor quando está numa entrevista?

Porque é que alguém se devia preocupar em ver como é que a pessoa é no backstage ou no ringue... quando está sozinha.

Chegou a altura de tanto a World Wrestling Entertainment como a TNA deixarem de se preocupar só com os seus próximos PPV’s ou como os próximos programas televisivos. Um plano de 5 anos, a longo prazo, é preciso em ambas as empresas. Por quanto tempo é que o Triple H pode continuar nos main events da Wrestlemania? Será que o Undertaker e o Shawn Michaels irão ter outro combate classic daqui a 5 anos?

Estará a TNA contando que o Kurt Angle, o Sting e o Mick Foley sejam headliners em 2014?

A resposta a todas essas perguntas é não e a questão que se segue é “o que é que vão fazer em relação a isso?”. E a resposta, para ser franco, é o principal problema da WWE e da TNA nos dias de hoje.

O Thomas Jefferson foi interpelado por um membro da sua equipe, que queria plantar árvores no pátio da residência do Presidente. Na manhã seguinte, como conta a lenda, o Jefferson tirou todos da cama às 4:30 da manhã porque tinham de começar a plantar já.

Quando ele lhe respondeu “mas senhor Presidente, vão ser precisos 100 anos para estas árvores crescerem completamente”, Jefferson respondeu “mais uma razão para começar já a trabalhar neste projeto”.

Um conselho ao Vince e à Dixie: Comecem a trabalhar neste projecto agora. 2014 vai chegar mais depressa do que vocês pensam.



Numa época como esta, onde a caça por futuros campeões da WWE, a mesma simplesmente se presta a dizer: Não era para você ter lutado bem!. Eu me pergunto, WWE ainda significa World WRESTLING Entertainment, ou Bischoff fez um pequeno passo para um homem, um grande retrocesso para federação?

Se hoje eu me perguntar: Dos novos talentos, quem eu acredito que será campeão mundial?

Certamente que eu aceitaria Jack Swagger, John Morrison, Dolph Ziggler, obviamente dando um devido tempo para eles se fixarem eles caem facilmente no gosto do povo, Swagger é muito habilidoso, um grandissimo wrestler, que ganhou um destaque imenso na ECW, agora na Raw está um pouco apagado, mas também pudera, lá é sempre mais difícil de se destacar... Ziggler teve uma chance divina e caiu no gosto dos bookers, e retribuiu isto com habilidade no ringue, acredito que se tornará em breve Intercontinental Champion, é outra forte promessa... Morrison dispensa comentários, agora vejo que ele segurou The Miz por tempos e tempos, conseguindo iludir não só ao público, mas como também a WWE que ainda aposta em The Miz.

Mas a questão não são as promessas do amanhã, a questão é que nem todos são muito queridos pelos bookers da WWE, e para provarem que são bons o bastante tem que convencer no ringue, e foi o que Zack Ryder fez, mas então isto irritou-lhes... Então eu me pergunto, como irá surgir os novos talentos se a WWE não os deixam brilar? Como vamos saber que fulano é muito bom no ringue se a WWE ficar cada vez mais o limitando? Podem falar: "Ah, ele arrasava em tal fed..." Dizer isto para mim, ou para qualquer outro, é muito fácil... Mas vai dizer isto para a legião de fãs que lotam as arenas da WWE... Fulano pode ser lenda no circuito independente, mas a partir do momento em que fez sua estréia na WWE, ele não é mais lenda nem nada, ele é um midcard que perde pra John Cena que tem muito a provar pro publico... E que quando tenta provar, ainda recebe represália...

É WWE... Siga esta linha que eu cruzo a minha...


3 comentários:

Gabriel disse...

Muito bom texto...
eu realmente nao contava que o Zack fosse de tamanho empenho... o problema é que a WWE nao da real valor a esse tipo de wrestler,que acaba deixando a empresa depois de um tempo... por isso que eu agora parti pra TNA... onde la tem menos frescura (tirando os backstages) e mais wrestling... serio ate gostaria que o Zack fosse pra la

ENDRIUZiLLA disse...

Muito bom.
Zack Ryder tem um talento imenso,ele quis impresionar que talvez "apagou" o brilho do christian na luta, que no casoo era pra fazer o show a parte dele.
Espero que Zack seja escaixado em uma feud boa, e prove para os bookers que tem o talento necessario =D

T-BAG disse...

Opa, já tinha lido, mas ainda não tinha comentado.

Ficou bom o texto e a noticia sobre o Zack Ryder é realmente frustrante.

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